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Dialética do triunfo conservador

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Aconteça o que acontecer no segundo turno, já se vê que os próximos anos vão ser difíceis. Não é que tenhamos uma Câmara e um Senado conservadores, simplesmente. É mais que isso: candidatos do mais profundo fisiologismo, retrógrados, histriônicos, reconhecidamente desonestos no discursos e corruptos na prática tiveram votação expressiva no início do mês. Teremos mais bancada da bala, mais ruralistas, mais fundamentalistas e isso não vai ser fácil.

É tentador atribuir o triunfo de tantos raivosos ao conservadorismo arraigado na sociedade brasileira, um conservadorismo pobre e mesquinho que se materializa nessas figuras. Todos nós vemos diariamente demonstrações dessa visão de mundo sectária, covarde e insidiosamente violenta. Daqui por diante, essas demonstrações, muito bem implantadas no Legislativo, serão um celeiro de manchetes vergonhosas.

Outra possível explicação está na falha grosseira daqueles que, outrora progressistas, buscaram assegurar sua posição no poder abraçando os representantes do Brasil mais retrógrado: era um abraço de urso. Esse Brasil retrógrado tem suas próprias preferências, pouco importa com quem esteja abraçado. A cúpula petista deveria ter entendido e foi avisada, mas aparentemente tinha outros planos. Pois. Em poucas semanas, essas lideranças que se acreditavam tão prescientes poderão se ver sem pirão, sem farinha e até sem panela. Quanto ao país, estará nos braços daqueles que se nutrem de seus maiores males.

Há mais explicações, todas elas muito verdadeiras, certamente. Mas em vez de tentar explicar o que aconteceu, pode ser mais proveitoso procurar sua relação com as dinâmicas do que já acontecia e continua acontecendo. Será verdade que a sociedade está ficando mais conservadora e isso se reflete nas suas câmaras de representantes? É um estranho diagnóstico, que poderia ser verdade a partir de algumas premissas: que 1) esse conservadorismo ampliado refletisse o acúmulo de frustração de uma ampla camada da população ao sentir-se atingida por processos sociais e econômicos, a começar pela redução da oferta de trabalho doméstico; ou que 2) o contingente que ascendeu na última década traga consigo uma ética da segurança a qualquer custo, de uma ordem social e familiar cuja maior garantia é ser absoluta, diante dos perigos quase indivisáveis em um mundo novo e inconstante; ou ainda que 3) a religiosidade brasileira, tão mística e variegada, tenha entrado numa espiral de fundamentalismo incontrolável e assustadora.

Uma resposta?

Todas essas premissas têm uma razoável parte de verdade; algumas mais, outras menos. Mas elas mesmas contêm suas negações e, ainda que possam oferecer respostas satisfatórias – no sentido de reconfortantes – para a questão dos motivos da votação tão conservadora, não esclarecem em nada quais são as dinâmicas que atuaram e continuam atuando.

Por exemplo, a frustração e a raiva de uma camada historicamente conservadora só podem assumir a forma de grande onda reativa se estiverem a contrapelo de um movimento mais lento, porém mais seguro. Adiante, caberá perguntar se esse movimento existe, mas por enquanto vale dizer que, se uma coisa implica a outra, a idéia do retorno a um estado básico e fundamental de conservadorismo ganha novas nuances. Voltarei a isso, mas por enquanto vale a pena manter em mente que reações são profundamente dependentes de algo a que reagir.

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Também é importante olhar de perto a identificação de uma população que sobe de vida e se torna refratária a idéias modernizadoras. Essa noção reflete o princípio, tantas vezes repetido, de que quem conquistou coisas na vida fica mais conservador, porque quer manter o que ganhou. Sim, é um público conservador, na medida em que precisa ter a segurança de que seu mundo, esse no qual e graças ao qual a vida melhorou, não vai desmoronar de uma hora para a outra: filhos deslumbrados que começam a usar drogas, casais que se separam para buscar ambições individuais, empregos perdidos por causa de absenteísmo e bebida etc.

Ainda assim, não podemos esquecer que quem está subindo na vida tem uma consciência aguçada dos limites da ascensão. Ou, mais que consciência, tem a experiência desses limites. Sabe que a faculdade que fez (e isso já foi um triunfo) não é das melhores. Sabe que pode ter orgulho do carro que comprou, mas vai dirigi-lo em ruas engarrafadas por falta de transporte público. O que não sabe é se, até terminar de pagar as prestações, as condições da economia ainda vão atuar a seu favor. É o tipo de sensação angustiante e frustrante que pode jogar pessoas na mesma situação do grupo mencionado no primeiro item: a sensação de ser vítima dos processos sociais, quando ontem mesmo era beneficiário.

Em grande medida, o que essas pessoas querem conservar, e o que as torna conservadoras, é uma não-conservação. Querem manter idêntico um estado de movimento constante, numa inércia algo paradoxal, quando se trata da vida política. Talvez o melhor exemplo seja a figura ambígua de Celso Russomanno, eleito com votação recorde em parte graças à bandeira da defesa do consumidor. Quem depende do consumo não quer ser passado para trás de jeito nenhum. Um componente crucial no desejo de manter o mundo do tamanho que sempre foi – isto é, pequeno – é que resulta em grande parte da constatação de que ele está se ampliando. E essa ampliação não chega sem uma boa parcela de ameaças.

A hipótese do discurso religioso é a mais complexa de todos, porque ele está vinculado, este sim, a movimentos muito profundos da sociedade que é difícil encerrar numa significação unívoca. É, aliás, um erro muito comum, como quando se diz que o evangélico, por exemplo, é mais rigoroso em sua fé que o católico, ou mais conservador. Para não me alongar demais numa discussão que não vai se resolver neste texto, deixo a recomendação de alguns outros.

A onda e o corpo

Todos os pontos acima sugerem que não existe um estado estacionário que subitamente tenha se tornado visível pela via eleitoral. E se existe uma mudança de direção, ela não é um bloco que abarca todo o país e o força para algum rumo. Por maior que seja o impulso de dizer algo como “é o fim!”, é bom ter em mente que a eleição é ponto nodal de uma dinâmica política, mas não é termo: nem fim, nem começo propriamente. Ainda que possamos traçar a narrativa do sistema político como uma sucessão de governos e legislaturas intercalados com eleições periódicas, essa narrativa sempre interage com outros ciclos e processos, alguns muito curtos (como a conjuntura macroeconômica e a ocupação de espaços nos governos), outros muito longos (como a maturação de ciclos econômicos, divisões de classe e reconfigurações fundiárias).

No caso do conservadorismo aparente que se revela na sociedade, como descrito acima, o que se pode vislumbrar é que algo tomou corpo, organizou-se; mas seria um engano profundo vê-lo como uma totalidade, a corporificação da mente coletiva. A idéia de que haja uma onda conservadora – e vamos dizer que o “corpo” mencionado acima é essa onda – implica que ela vá varrer algo da praia. Ela se levanta diante de algo, contra algo. O sentido de sua existência (se preferir: sua essência) é opor-se.

A bem dizer, a analogia do corpo é insuficiente: a onda conservadora é uma força. O que ela quer não é serser simplesmente, satisfeita consigo mesma (como poderíamos dizer de um corpo, por exemplo). O que ela quer é atingir algum outro corpo (ou outra força), derrubá-lo, quiçá anulá-lo, se tudo der certo, eliminá-lo. É uma onda reativa, e não é por acaso que o extremo do conservadorismo recebe o nome de reação.

Sendo assim, a primeira coisa a reconhecer é que se trata de uma manifestação visível de negatividade: se essencialmente é uma força que quer se opor (poderíamos brincar: o-por) a algo, é negação, não posição. A onda conservadora pressupõe para existir, e não faz sentido nenhum sem que esteja posto, algo que ela mesma identifique como seu contrário. Torno a isso logo mais.

O conservadorismo invisível

Por enquanto, ainda gostaria de citar um traço importante do conservadorismo: quando ele pode ser ele mesmo, é praticamente invisível. O conservadorismo essencial é quase a definição por excelência do consenso. É aquilo que não precisa ser enunciado. Por isso, não existe, não faz sentido, uma “onda” de conservadorismo bem instalado. A onda que pode existir é a do conservadorismo deslocado rumando de volta para o lugar fora do qual não pode viver por muito tempo: o centro, a base, o fundamento. Ou imitando esse retorno.

Pense em Bismarck, De Gaulle, Tristão de Athayde; ou Burke, Roberto Campos, Churchill. Grandes figuras conservadoras. Não são ondas, de maneira nenhuma: são rochas sólidas, frias e muitas vezes bastante admiráveis. Deles, pode-se até dizer que corporificam ou incorporam alguma totalidade presente no cerne de uma sociedade. Que semelhança têm essas figuras com nossos Heinze, Bolsonaro, Lorenzoni, Feliciano? Nenhuma, eu diria.

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Este é, finalmente, o ponto central do problema da onda conservadora: ela é composta de jatos d’água que não se parecem em nada com as rochas sólidas, aparentemente irremovíveis, do conservadorismo tradicional, que é maciço. A onda conservadora só existe quando é muito visível, quando exerce uma pressão muito forte, quando faz muito barulho. E é por isso que sua característica mais saliente é o histrionismo.

O histrionismo é mesmo um sinal de triunfo? Alguém que se coloca como anteparo para a chamada modernização dos costumes ou bastião da segurança amedrontada, vociferando contra o que entende ser uma ameaça existencial ao seu modo de vida, é plenamente vitorioso? Ou só é vitorioso até certo ponto?

A vitória do histrião

A vitória do histrião tem um alcance sintomaticamente curto: só chega até a beira do abismo, só persiste enquanto a derrota é iminente ou parece ser iminente. É por isso que o histrião é um histrião, e não um ativista ou o administrador de uma estado de coisas (um conservador efetivo). Para o histrião, é preciso que a ameaça seja iminente e constante. Sua resposta grosseira e grandiloqüente aparece, então, como um esplendoroso triunfo contra o mal. Só que esse mal não pode desaparecer, senão o campo de atuação e de existência do histrionismo some junto. O histrião é aquele que vive na superfície da aparência e luta para manter-se vivo ao garantir a permanência dessa mesma superfície. O histrião é o apêndice de seu inimigo, um inimigo que ele mesmo elegeu.

O que é o histrião? Não é o capitão de um navio em águas límpidas. O histrião é uma espécie de esquadrão suicida chamado para ocasiões que se anunciam catastróficas. O histrião é um kamikaze. Não há histriões e não há onda conservadora quando uma sociedade atravessa um consenso conservador. Nesse mar, não há ondas e o dissidente faz papel de lunático ou visionário. Só surgem reativos, histriões, quando brota o dissenso. Ou seja, quando surge um espaço até então desconhecido, inaugurando um novo regime da aparência. Só há onda conservadora onde há linhas de força correndo em sentidos opostos.

Isso posto, o que a onda conservadora nos diz sobre o Brasil? Não diz uma coisa só, e isso é que precisamos entender melhor. Aliás, precisamos investigar melhor. Vimos acima que o Brasil quotidianamente conservador existe, sim, e não deixa de ser natural que se represente no Legislativo. Vimos, porém, que não avançamos muito só com essa constatação. A solidez do conservadorismo brasileiro (com todas a perversão que contém, mesmo do ponto de vista de um conservadorismo mais castiço) está muito, muito abalada, e aquela rocha maciça está rachada. Ou, para usar uma imagem brasileira: milhares de cinzéis arrancam lascas dessa enorme pedra-sabão.

Não subestimemos a importância de episódios como os xingamentos ao goleiro do Santos e as conseqüências que tiveram. Os xingamentos sempre aconteceram, como bem lembrou Pelé, o rei do futebol e só do futebol, numa de suas declarações infelizes. O que não acontecia era a condenação do racismo. Não subestimemos a onda de torcidas organizadas gay, mesmo se tiver sido um fenômeno circunscrito às redes sociais: as pessoas estão se expondo no espaço público porque esse espaço está começando a surgir.

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Será pouca coisa o furor que cercou a “PEC das domésticas”? Será que a turma do “gagau” triunfou só por ter colocado seus histriões no Congresso? Talvez, mas só até um ponto: a beira do abismo. Eu pretendia não falar do segundo turno presidencial, mas vá lá: quando Aécio promete manter os programas sociais do PT, é mais que mero cinismo. Existem avanços que se pode até tentar esvaziar aos poucos, mas não se pode seriamente pensar que é possível remover de uma vez só. É o caso das cotas, da transferência de renda, da expansão do ensino superior. E tudo isso deixará marcas na população, mesmo quando elas preferirem candidatos conservadores.

(A propósito, recomendo vivamente este vídeo.)

Como se vê, as transformações da sociedade, muitas delas invisíveis e no plano do potencial, podem produzir resultados visíveis muito divergentes. Tem razão quem duvida de que mudanças se concretizem sem uma contrapartida institucional, uma forma perene e identificável que possa assumir seu nome. Mas formas assim não se compram no supermercado. Não estão dadas de antemão. Há descompassos e alternâncias de velocidade que são muito bem manobrados por quem domina os caminhos que já estão abertos. Abrir outros caminhos é tarefa mais árdua, incerta e demorada. Nesse meio-tempo, as emoções fervilham.

Outro terreno de jogo

É por isso, por exemplo – e aqui voltamos a algumas das questões que apareceram bem no começo – que não chega a ser absurdo que um período tão agitado como vivemos nos últimos tempos, de manifestações e violência escancarada, resulte num retrocesso eleitoral. Bastante gente se mostrou frustrada com isso, e não por nada: é frustrante, mesmo. Mas não inédito. Uma explosão coletiva como foi junho de 2013 é capaz de destruir muita coisa muito rapidamente, mas só consegue construir algo de concreto à medida em que vai esfriando. O rescaldo continua sendo como as cinzas de um incêndio e quem se aproveita é quem consegue se enfiar pelas brechas do sistema posto. É de se esperar que o histrião conservador seja o mais bem sucedido, mas não é o único: basta ver a votação do PSOL e do Jean Wyllys em particular, no Rio de Janeiro, e a notícia de que os candidatos das milícias foram rejeitados.

Eu disse que o momento explosivo do desejo no espaço público destrói rapidamente e constrói lentamente. Mas destrói o quê? Difícil dizer, quando tudo parece ter voltado ao normal. Por outro lado, essa normalidade é incompleta e certamente alguém está enxergando a situação com outros olhos. Isso se percebe por sinais vagos, cá e lá, a começar por um aumento das apostas. Primeiro, desses conservadores de estilo histriônico que discuti acima. Segundo, da esquerda de rua até ontem completamente desarticulada e deixada à sombra do PT vencedor, mas agora mais assanhada depois que o MPL fez e aconteceu. Dos Comitês Populares da Copa ao fortalecimento do movimento por moradia – e o senso de oportunidade dos Frias não permite que ignoremos o convite de Guilherme Boulos para ser colunista da Folha –, germes de articulação vão surgindo. Terceiro, pela figura de Marina Silva, que galvanizou as aspirações de muita gente que, oprimida pelas insuficiências do velho em política, encanta-se com a idéia de que houvesse uma nova.

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O que foi destruído? Pelo menos um certo consenso sobre as linhas em que o país se divide. Não hesito em dizer que a despolitização que vinha aos poucos tomando conta da sociedade, oriunda de um sistema político bastante despolitizado, sofreu uma fratura. Discreta, claro, mas visível, mesmo que em filigrana, mesmo que por sinais esparsos. As agruras do PT em diversas frentes dão testemunho dessa fratura, porque o partido acreditou poder beneficiar-se da despolitização para ocupar os espaços e empurrar os adversários para fora. Mais do que beneficiar-se dela, acabou promovendo-a. E o resultado foi lançar os adversários nos braços do histrionismo, ao mesmo tempo em que alienava seus melhores aliados potenciais. Agora o jogo será jogado em outro terreno.

Ao destruir, a explosão social, que se revela nas manifestações de rua mas não se limita a elas, pelo menos deve limpar o terreno para que as forças se realinhem. Parece que a política está de volta: tomara que façamos bom proveito dela. Haddad parece ter entendido, ou pelo menos vislumbrado esses sinais. Toda a briga em torno das faixas de ônibus e das ciclovias dá mostras de que há muita política para acontecer por aqui. E mesmo nesse caso, o que emerge primeiro é a golfada de histrionismo conservador.

Muitos dos nossos fantasmas coletivos vão emergir como efeito da onda conservadora no Congresso. Muitos contingentes da população vão ter de se situar e se revelar. Mesmo assim, ou exatamente por isso, o cataclismo do triunfo conservador precisa ser entendido como o aspecto fenomenal, visível, superficial, de um turbilhão de forças, recomposições, rearticulações.

Isso não significa que, daqui a poucas décadas, seremos necessariamente um país menos amarrado a modos de vida sectários e envelhecidos. Todavia, significa que antigas linhas de divisão e disputa, tendo caído na obsolescência mas continuado em vigor por muito tempo, estão começando a ceder o lugar para linhas novas, provavelmente mais condizentes com as forças que efetivamente disputam espaço. Os próximos anos serão difíceis, é claro, mas, olhando direito, o fácil pode ser mais assustador.

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11 comentários sobre “Dialética do triunfo conservador

  1. Delair disse:

    Excelente texto, Diego. O conservadorismo brasileiro é um reacionarismo. Mas fico na dúvida quanto ao movimento evangélico, que faz tempo ganha força no Brasil como um todo. Esse impulso de ampla aderência e crescimento de um obscurantismo religioso seria também reacionário? O que tu me diz?

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    • Olá Delair, obrigado pelo comentário. Você tocou num ponto difícil, que foi justamente o que eu preferi não abordar neste texto… 🙂 Na verdade, a questão do público evangélico é bem mais complexa do que pode parecer. Nem todo evangélico é conservador e nem todo conservador é evangélico… Recomendo vivamente os dois links que estão no texto, na parte sobre a religião. Um é uma reportagem que escrevi em 2010 e o outro é um post de Moysés Pinto Neto, bastante preciso.

      Mas eu também queria comentar sua frase segundo a qual o conservadorismo brasileiro é um reacionarismo. Eu colocaria de uma maneira diferente… Afinal, existe, sim, um conservadorismo brasileiro que não é necessariamente reacionário. Pense em Roberto Campos, por exemplo. O que estou dizendo é que especificamente essa onda de pessoas exageradamente, até caricaturadamente conservadoras que surgiu nos últimos anos, que está no Congresso e na mídia, é na verdade uma forma de reação.

      Abraço,
      Diego

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