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Para ler sem olhar

Diego Viana

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Paris não tem segredos

15/11/2008Diego Vianaa princípio, aberta, aberto, abertura, abrir, acima, administração, administrador, afastada, afastado, afastar, agosto, ainda, ajuda, ajudar, além, alemanha, alguém, almoçar, almoço, alta, alteridade, altitude, alto, amarelecer, amarelecida, amarelecido, amarelo, andar a pé, ano, ano passado, antes, antiga, antigo, apagar, aparência, aparecer, aparente, aparição, apartamento, aplicação, aplicada, aplicado, aplicar, apresentação, apresentar, apressada, apressado, aproximação, aproximar, aproximativa, aproximativo, aquecer, aquecida, aquecido, aquecimento, assim, atirada, atirado, atirar, automóvel, avançar, avanço, avenida, avenida nevski, árvore, ícone, última, último, bairro, bairro afastado, baixa, baixar, baixo, balançar, balanço, balanceada, balanceado, balanceio, basta, bastar, bem, berlim, bi-dimensional, bidimensional, borrar, boulevard, breve, breviário, brevidade, brinquedinho, brinquedo, bulevar, cair, calor, calorífera, calorífero, calorenta, calorento, 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… E logo, logo, nenhuma cidade terá. Veja bem. Isso que aparece na fotografia acima são as duas janelas de minha casa. A da esquerda é o quarto de dormir, com as cortinas vermelhas, improvisadas, que instalei para substituir as originais, também encarnadas, mas bem mais grossas e eficientes, que caíram com um estrondo patético na primeira noite em que tentei fechá-las. À esquerda, a sala, com a cortina original, cor de creme, e dois vasos, um com flores, o outro com uma pimenteira. Os vasos já existem desde o ano passado. Estiveram vazios durante todo o último inverno, a maior parte da primavera, também. As flores, comprei para substituir as antigas, que estavam mortas. Foi no início de agosto, salvo engano. A flor mais alta, violeta, ainda estava fechada, só foi se abrir no final do mês. A fotografia, portanto, só pode ter sido tirada na última semana de agosto ou nas primeiras de setembro.

Quem gerou essa imagem não foi minha máquina fotográfica. Encontrei-a depois de baixar o Google Earth, pensando que seria a ferramenta ideal para me ajudar a preparar as viagens que, queira Deus, ainda farei. E será, sem sombra de dúvida. Navegando por suas telas, passeei virtualmente pela Unter den Linden de Berlim e pela Gamla Stan de Estocolmo. Vi de perto a distância entre o museu Ermitage e a avenida Nevski, tantas vezes evocada no desespero transcrito de Dostoievski. Fui a Roma, que tenho boca, baixei a aplicação que reproduz a capital do império no tempo de Constantino e me esbaldei de passear por suas construções, monumentos e edifícios, descobrindo a aparência intocada das ruínas que conheci há mais de um ano. O Google, novo Constantino ou novo César, como queira, me concedeu a graça que os administradores do turismo italiano me negaram.

Em Roma, encontrei um instrumento magnífico. A princípio, pelo menos. Pequenos ícones que retratam câmeras fotográficas. Clica-se sobre eles e se é atirado dentro da cidade, numa fotografia tridimensional tirada sabe-se lá por quem, sabe-se lá quando. (Era certamente verão.) Da primeira vez, acreditei que seriam só os grandes entroncamentos, os pontos turísticos, os centros importantes da cidade eterna. Qual o quê. A cada número da rua, vê-se um outro ícone, depois outro e outro mais. É possível inventar caminhos por todos os cantos de Roma, como quem anda a pé, mas sem se cansar, sem sentir o calor, sem ser ofendido por algum italiano grosseiro, só de clicar sucessivamente nas máquinas intermináveis que vão se apresentando à sua frente.

Rostos e placas de carro, enfim, tudo que possa identificar alguém, são desfocados. Anda-se por avenidas e vielas onde ninguém tem face, figuras congeladas em seus trajes, poses e caminhos, mas desprovidas de olhos, lábios, expressões. É um passeio em que o vento é morto de uma morte estranha, ainda capaz de inclinar as árvores, mas não balançá-las. Onde os sinais vermelhos se recusam a passar ao verde, mas os motoristas não se impacientam. Onde o pequeno trânsito irritante, causado por algum caminhão parado em fila dupla, é eterno enquanto assim o mantiver o gestor desse programa do Google. É a presença física numa cidade estrangeira, tão física quanto pode ser uma presença virtual.

Cansado da vista de Roma, deixei-me invadir pela curiosidade. Quão bem fotografada seria Paris? Considerando, claro, que, para além do universo Google, é a cidade mais retratada do mundo, logo à frente do nosso malemolente Rio de Janeiro. Os bairros mais afastados teriam o mesmo privilégio do centro? Os mais feios? Os mais sujos? Os mais castigados pela criminalidade? No espaço de um segundo, com o esforço concentrado de digitar as cinco letras do nome da cidade e um Enter decidido, vi-me a sobrevoar esta outra capital, mais nova, mas nem por isso menos célebre que o lar dos papas e imperadores.

Posicionei o cursor sobre meu bairro. Aproximei a imagem e esperei enquanto ela se tornava mais nítida. Aos poucos, pude identificar a praça, a rua de trás, o carrossel das crianças, a fileira de árvores no larguinho. Apareceram, um depois do outro, os ícones de máquina fotográfica. Cliquei no que parecia mais próximo do meu prédio. Não era, havia outros, mas pude ler as insígnias das lojas, dos correios, do restaurante chinês, onde almoço quando a pressa fala mais alto que a saúde. De câmera em câmera, fui me achegando de minha pequena rua. Entrei à direita. Bem à frente, li o nome do estacionamento enorme que é responsável por mais de metade do barulho que às vezes me impede de dormir.

Fui avançando até chegar na imagem que registrei acima. Minhas janelas, visíveis por qualquer um, em qualquer parte do mundo. No meu caso, era quase um espelho. O verdadeiro observador, do lado de cá, no outono, quase inverno, aquecido pelo gás, em plena escuridão. Do lado de lá, minha presença virtual, flutuando pela rua nas últimas semanas do verão, com flores radiantes, essas que, para o verdadeiro eu, de carne, que escreve e não flutua, já estão amarelecidas e sem pétalas.

Estranha sensação. Um sem-número de fotografias tiradas, rostos apagados com esmero, imagens consolidadas e inseridas no enorme sistema de mapas da NASA que o Google transformou em fantástico brinquedinho. Em breve, será assim no mundo todo. Qualquer pessoa que já me enviou uma correspondência, ou qualquer um a quem já enviei meu currículo, poderá ficar curioso de saber onde e, mais ou menos, como moro. Bastará entrar no programa para descobrir. Não imagino que tipo de resultado isso possa ter. Conjecturo, mesmo, que talvez não possa causar nada, seja perfeitamente neutro, não mude coisa alguma no mundo ou só o mude para melhor…

Enfim, não há nada de racional nisso, mas a verdade é que fiquei incomodado, diria mesmo intimidado. Metralhei-me com perguntas: como se produziu a imagem das minhas janelas, pelos céus!? Alguém foi contratado para passear pela cidade inteira, em vários lugares do mundo, visitando ruela por ruela, bairro por bairro, a tirar fotografias tridimensionais a cada três ou quatro passos? Ou teria o Google comprado os registros das câmeras de segurança da prefeitura, que, por sinal, nem são tantas assim…

Essas fotos em que minhas cortinas aparecem fechadas poderiam ter sido tiradas poucas horas antes, ou depois, e as cortinas estariam abertas, meus móveis à vista, as fotografias da parede, essas bem pessoais, expostas. Nesse caso, estou certo, o Google, novo Nero, novo Caracala, teria borrado a visão de minha vida pessoal, ou melhor, da parte mais pessoal da minha vida, antes de lançá-la a público em seu programa. Mesmo assim, segue que o fotógrafo terá visto. O programador, idem. A imagem original talvez ficasse guardada no HD da empresa, como numa gaveta de jornal, esperando para ser descartada ou redescoberta, indefinidamente. Indefinidamente…

Eu disse em algum lugar, talvez até no título deste texto, que Paris não tem mais segredos. Mas se fosse só isso, ora, que é que tem! A tendência é, cada vez mais, que tudo se saiba, tudo se veja, tudo se conheça e esqueça tão rápido quanto acontece. Certo? Boa pergunta, não sei dizer. Mas eu, cá no meu canto devassado pelo Google, bem que gostaria de ter um ou outro segredinho todo meu. E antes que me acusem de ser dissimulado, antiquado, inadaptado, já digo que não é nada disso. Nem se trata de fazer charme. Timidez, talvez seja. Mas pode ser uma mania idiota, coisa de quem não consegue apenas viver no próprio mundo. Talvez seja pedir demais, mas eu gostaria muito se, para ter uma visão das minhas janelas, alguém tivesse de vir até aqui.

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Estratégia para ensinar História

08/05/2008Diego Vianaabril, agradável, almoço, analista, Brasil, campos, campos dos goitacases, campos dos goytacazes, cartola, câmera, câmera tremida, céu azul, chris d'amato, chuva, cidade, clima, corte, corte brusco, crítico, didatismo, diretor de teatro, divertido, du moscovis, eduardo moscovis, enredo, ensino, estado do rio, estratégia, fazendeiro, Festival de cinema, filme, flashback, fluminense, fracasso, história, investidor, lar, lawrence olivier, maçante, macaé, maio, manuel da motta coqueiro, março, moscovis, motta coqueiro, norte fluminense, paris, passeio, pena de morte, prefeitura, proposta arrojada, propriedade, psicanalista, psicólogo, relva, repercussão, rio de janeiro, roteirista, roteiro, rua, sem controle, sol, temperatura, tempo, trabalho 4 Comentários

Jantar Por Debret
Uma única pessoa veio comentar que ando sumido. E foi minha irmã. Aos demais membros da multidão apreensiva com meu silêncio, podem ficar tranqüilos: não sofri nenhum acidente, não atirei o computador pela janela (mesmo ele merecendo), não desisti de blogar, embora o ritmo já ande lento há tempos. É que aconteceu um milagre, coisa rara por estas bandas e que não se pode deixar de aproveitar: o tempo está magnífico. Já faz quatro dias que não chove. Na hora do almoço, a temperatura ultrapassa os vinte graus. Tenho até tomado sol. Passo o dia fora de casa, tentando guardar bem a lembrança do céu azul, que provavelmente só poderei rever em setembro, e depois só no próximo mês de maio. Daí o sumiço: quando finalmente volto ao lar, tenho de me dedicar às atividades obrigatórias, estudo, pesquisa, trabalho e assim por diante.

Mas acaba aparecendo uma janela, mais cedo ou mais tarde. Posso abrir o processador de texto e escrever alguma bobagem para postar. Blog parado é muito feio. Assim sendo, vou dedicar um tempo a comentar filmes. É que começou ontem o décimo Festival de Cinema Brasileiro de Paris, e eu me permiti interromper a fruição do céu azul, essa raridade deliciosa, para ver Sem Controle, primeiro longa de Chris d’Amato (diretora-assistente de diversos filmes nacionais nos últimos anos), com Eduardo Moscovis no papel principal. Como não sou crítico de cinema, não vou me perder em análises estéticas. Bem que dá vontade, mas me limito a dizer que, durante a maior parte do tempo, achei que não estava gostando. Mas, no final, descobri que gostei sim, e bastante.

Acho difícil fazer um elogio à fita sem contar o final. Ou seja, se você pretende assistir, não leia as próximas linhas. O que achei mais interessante no filme foi o fato de ele ser quase uma desculpa para difundir a história de Manuel da Motta Coqueiro, que tanto sucesso faz entre os oriundos do Norte Fluminense. E esse papel (digamos assim) didático é muito bem cumprido, sem que o didatismo não torna o enredo maçante. Muito pelo contrário, aliás. Palmas para o roteirista. Se os brasileiros assistissem aos filmes feitos em nossa terra (produção global não conta), o país inteiro poderia ficar sabendo da história do fazendeiro enforcado talvez injustamente.

Ainda sobre o enredo, é interessante observar suas várias auto-referências (as inconsistências são irrelevantes. Não só não comprometem o todo, ainda ajudam a história a atingir seu objetivo). O protagonista é um diretor de teatro que montou uma peça sobre, justamente, Motta Coqueiro, e fracassou escandalosamente. Uma das primeiras frases que ouvimos é o trecho de uma crítica: “o texto não tem conflito. O diretor não conseguiu atrair a atenção do público”. E essa parece ser a preocupação que guiou a construção do enredo. Desde o início, está avisado que o objetivo da narrativa é chamar a atenção para outra história. É claro que o público desavisado não percebe na hora. Mas, refletindo depois, a estratégia transparece.

É por isso que um certo número de coisas difíceis de engolir são perfeitamente releváveis. Numa obra de arte (e não vale a pena discutir aqui se cinema é arte ou não), devemos ter em mente que o que conta é o todo. O detalhe só é importante na medida em que contribua para o todo ou o comprometa. Por exemplo, as atuações bastante questionáveis das duas principais atrizes quase comprometem, mas o filme consegue sobreviver, empurrado por sua construção sagaz e interessante. O próprio Eduardo Moscovis, aliás, não é nenhum Lawrence Olivier, mas nada que estrague a sessão.

O mesmo vale para a menção, tirada um pouco da cartola, a um relacionamento passado entre o diretor e sua analista. Não serve para nada, só torna a história menos crível, mas e daí? Não é importante, então passa. Um pouco mais incômodas são algumas panorâmicas de Macaé (onde se passa o enredo) inseridas de maneira manifestamente aleatória. Paisagens muito bonitas, sem dúvida, mas o que estão fazendo ali, espremidas entre uma cena tensa e outra nervosa? Ah, entendi: a prefeitura da cidade é um dos principais investidores…

Em alguns momentos, o filme tem uma proposta estética arrojada, dosada com habilidade pela diretora. Um pouco mais de câmera tremida, cortes bruscos, sons insuportáveis e flashbacks enjoariam. Assim como está, atiça a atenção do público e confere ao filme um certo tempero. Outro ponto que merece ser mencionado é o capricho da produção, coisa rara em filmes brasileiros.

Opa, parece que acabei fazendo alguns comentários estéticos… Difícil evitar, peço perdão. Então vou cortar por aqui o comentário, só encerrando com a constatação de que Sem Controle não é nenhuma obra-prima, longe disso, mas é um filme que vale a pena ser conferido. Mesmo porque a história de Motta Coqueiro deveria ter uma repercussão maior. Diz muito sobre nosso país. Não só em relação à pena de morte, por onde é mais conhecida, mas também quanto à maneira como encaramos questões de trabalho e propriedade.

Mas isso também é tema para outro texto! Então dou este por encerrado. À minha espera, há um relvado verdejante (ou seja, um gramado bem cuidado na linguagem dos tempos de Motta Coqueiro). Como não sei por quanto tempo vou poder aproveitar esse clima, vou lá fora sugar dele o máximo que puder.

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