Ao contrário dos turistas potenciais ao redor do mundo, a maioria dos franceses torce o nariz acintosamente para Paris, sua tão decantada capital. Noves fora, é a mesma atitude que tende a tomar quem passa longos anos entre a Porte d’Orléans e a Porte de Clignancourt, subindo e descendo pelas alamedas anti-barricadas. Com todo seu estilo (palavra preciosa) de edifícios haussmanianos e monumentos em bronze – na verdade uma desculpa tipicamente francesa para uma homogeneidade e um monocromatismo sufocantes –, o problema é que Paris enche, com o perdão do linguajar. Aliás, de vez em quando uma dessas pessoas que querem se mostrar viajadas e versadas nos segredos do “eldorádico” Velho Mundo (contradições à parte) lança mão do seguinte argumento: “na França? Paris é perda de tempo, boa mesmo é a região tal”, e cita alguma área do Sul. Seria um argumento quase impecável, não fosse, primeiro, o fato de que a vida não é feita apenas de férias, e segundo, a curiosa coincidência de essas pessoas aparecerem por aqui todos os anos, em busca de liquidações na galeria Lafayette, sem saber que a dita loja está presente em todas as cidades com alguma relevância no país. Continuar lendo