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Para ler sem olhar

Diego Viana

Arquivo da tag: corte

arte, Brasil, calor, centro, cidade, cinema, música, opinião, português, saudade, tempo, vida

Laís Bodanzky perscrutando a gafieira

10/07/2009Diego Vianaação, alegria, banda gloria, betty faria, bicho de sete cabecas, bolero, Brasil, cassia kiss, câmera, centro, cidade, cinema, contraste, corte, dança, daslu, desarmado, desarmar, diálogo, elza soares, espaço, espectador, ettore scola, filme, gafieira, história, homem, humano, iluminação, lais bodanzky, lástima, leonardo villar, liberdade, linguagem, maria flor, mulher, paulo vilhena, personagem, pompeia, psicológico, psicologia, roteiro, Samba, samba-cancao, sao paulo, segredo, seqüência, stepan nercessian, sutileza, tonia carrero, trabalhodostoievski, traco de uniao, turbilhão 7 Comentários

Quase deixei de ver Chega de Saudade por causa do título. “Filme sobre Bossa Nova…”, pensei. “De novo! Deve ser caça-níqueis!” Mas, como estava no pacote daquele velho festival, e como é da Laís Bodanzky, cujo talento já ficou provado com Bicho de Sete Cabeças, decidi entrar para ver. Conclusão: o título pode ter tudo a ver com a trama, mas arrisca afastar à toa, à toa o público cansado de filmes históricos aproveitadores. E seria uma lástima, porque Chega de Saudade confirma, reafirma e reitera a qualidade do cinema de sua diretora. Olho nela!

Logo na terceira ou quarta sequência, pude fazer uma constatação que me encheu de alegria (depois me perturbou, mas chegaremos a isso): o filme “tem linguagem”. É um prazer enorme acompanhar o trabalho de uma cineasta que sabe o que faz com a câmera. Dá uma espécie de confiança, porque estou entregando minha percepção e minha sensibilidade a um artista consciente, competente, capaz de fazer de seu instrumento de trabalho uma ferramenta de discurso estético, e não um simples registro de atores e cenários saracoteando na frente da objetiva.

Pois a câmera de Laís Bodanzky perscruta um espaço desconhecido (para nós); espia os rostos atrás de um convite para dançar; invade a intimidade das pessoas, sem que isso seja uma indiscrição. Afinal, são personagens, e o olhar é o de um espectador – melhor amigo de qualquer película. Esse é o cerne do que se costuma considerar como “ter linguagem” no cinema.

Mas não se pode esquecer de todo o resto: os cortes, a direção de atores, o ritmo da ação, o roteiro, os diálogos, a poesia dos desencontros humanos, a música que dá liga a todo esse leque de elementos. O que confere à obra seu poder, aliás, é justamente essa capacidade de articulação. No caso de Chega de Saudade, o resultado é um poema que requebra e balança, sem temor, entre a amargura e a esperança, lírico como O Idiota de Dostoievski e O Baile de Ettore Scola.

E é mesmo de baile que se trata. Chega de Saudade foi filmado no inconfundível salão do Traço de União, velho salão da Pompéia (ou seria Pompeia?), em São Paulo. Até alguns anos atrás, naquela construção antiga e maltratada, as gerações se encontravam para dançar ao ritmo de todas as épocas. Mas isso foi no tempo em que a Banda Glória ainda era uma delícia, não tinha se mudado para a Daslu do samba em que se apresenta hoje.

O salão do Traço de União é representado com uma fidelidade que só reconhece quem foi. Os frequentadores, idem, e mais um aspecto a louvar é a maquiagem fiel e desmistificadora nos rostos de atrizes que vemos, normalmente, através de um véu de beleza plástica. Betty Faria está formidável como a mulher desesperada por amor, oferecendo-se, implorando como criança por ser chamada para dançar. Tônia Carrero e Leonardo Villar fazem um casal irresistível, encantador na amargura de uma velhice que teimou em vir, contra todos os esforços. Menção honrosa, também, para Stepan Nercessian, Cássia Kiss e até Maria Flor, que melhorou muito desde o último filme em que a vi (ou será o dedo da diretora?).

A cultura da gafieira, tão coisa nossa, está magistralmente reproduzida no que tem de mais profundo e sutil: seu caráter de foro de encontros fugazes, onde cada um expõe os movimentos de seu corpo, grosseiros ou graciosos, por esporte ou simplesmente pelo deleite de balançar com a música. Mas não são só os corpos que se expõem, é claro: nunca são. Na multidão, a presença do outro é tão incontornável quanto as batidas dos pandeiros. Cada um, ali, está tão frágil e despido quanto os demais, no espírito e na mente; e estão frágeis e despidos justamente porque não podem guardar a postura reservada e sisuda dos corpos quando não estão dançando.

Golpe de mestre, no filme, foi ter chamado Elza Soares para cantar. E ela não usa o próprio nome: é uma dessas cantoras desconhecidas de gafieira, mesmo que o espectador, diante do rosto de Elza Soares, diante da voz inconfundível de Elza Soares, saiba que aquela é a grande cantora. Elza volta às raízes, e nós também. Analogamente, podemos dizer que todos ali estão nas raízes: o homem mais velho que se encanta com a menina, e ela que se encanta de volta. O conquistador que se faz de viúvo para atrair as mulheres. O dançarino formidável que não suporta ver toda aquela gente “apenas se divertindo” e o profissional atrá de uns trocados. Todos estão desarmados, o que faz deles personagens perfeitos para um filme tão sutilmente psicológico. A exceção à leveza fica por conta daqueles que precisam trabalhar; o contraste é tão gritante que um dos personagens chega ao cúmulo do ciúme.

É uma pena que, hoje, os diretores não possam fazer um filme a cada ano, como era antigamente. Eles não têm mais o direito de experimentar e errar. Com isso, os bons como Chega de Saudade, que são ótimos, mas não necessariamente geniais, aparecem como verdadeiras obras-primas. Seja como for, esta obra, somando-se ao Bicho de Sete Cabeças, firma Laís Bodanzky como uma das diretoras mais competentes do cinema brasileiro atual. Seria ótimo se ela pudesse produzir com mais regularidade.

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arte, Brasil, calor, cinema, costumes, história, opinião, reflexão, tempo

Estratégia para ensinar História

08/05/2008Diego Vianaabril, agradável, almoço, analista, Brasil, campos, campos dos goitacases, campos dos goytacazes, cartola, câmera, câmera tremida, céu azul, chris d'amato, chuva, cidade, clima, corte, corte brusco, crítico, didatismo, diretor de teatro, divertido, du moscovis, eduardo moscovis, enredo, ensino, estado do rio, estratégia, fazendeiro, Festival de cinema, filme, flashback, fluminense, fracasso, história, investidor, lar, lawrence olivier, maçante, macaé, maio, manuel da motta coqueiro, março, moscovis, motta coqueiro, norte fluminense, paris, passeio, pena de morte, prefeitura, proposta arrojada, propriedade, psicanalista, psicólogo, relva, repercussão, rio de janeiro, roteirista, roteiro, rua, sem controle, sol, temperatura, tempo, trabalho 4 Comentários

Jantar Por Debret
Uma única pessoa veio comentar que ando sumido. E foi minha irmã. Aos demais membros da multidão apreensiva com meu silêncio, podem ficar tranqüilos: não sofri nenhum acidente, não atirei o computador pela janela (mesmo ele merecendo), não desisti de blogar, embora o ritmo já ande lento há tempos. É que aconteceu um milagre, coisa rara por estas bandas e que não se pode deixar de aproveitar: o tempo está magnífico. Já faz quatro dias que não chove. Na hora do almoço, a temperatura ultrapassa os vinte graus. Tenho até tomado sol. Passo o dia fora de casa, tentando guardar bem a lembrança do céu azul, que provavelmente só poderei rever em setembro, e depois só no próximo mês de maio. Daí o sumiço: quando finalmente volto ao lar, tenho de me dedicar às atividades obrigatórias, estudo, pesquisa, trabalho e assim por diante.

Mas acaba aparecendo uma janela, mais cedo ou mais tarde. Posso abrir o processador de texto e escrever alguma bobagem para postar. Blog parado é muito feio. Assim sendo, vou dedicar um tempo a comentar filmes. É que começou ontem o décimo Festival de Cinema Brasileiro de Paris, e eu me permiti interromper a fruição do céu azul, essa raridade deliciosa, para ver Sem Controle, primeiro longa de Chris d’Amato (diretora-assistente de diversos filmes nacionais nos últimos anos), com Eduardo Moscovis no papel principal. Como não sou crítico de cinema, não vou me perder em análises estéticas. Bem que dá vontade, mas me limito a dizer que, durante a maior parte do tempo, achei que não estava gostando. Mas, no final, descobri que gostei sim, e bastante.

Acho difícil fazer um elogio à fita sem contar o final. Ou seja, se você pretende assistir, não leia as próximas linhas. O que achei mais interessante no filme foi o fato de ele ser quase uma desculpa para difundir a história de Manuel da Motta Coqueiro, que tanto sucesso faz entre os oriundos do Norte Fluminense. E esse papel (digamos assim) didático é muito bem cumprido, sem que o didatismo não torna o enredo maçante. Muito pelo contrário, aliás. Palmas para o roteirista. Se os brasileiros assistissem aos filmes feitos em nossa terra (produção global não conta), o país inteiro poderia ficar sabendo da história do fazendeiro enforcado talvez injustamente.

Ainda sobre o enredo, é interessante observar suas várias auto-referências (as inconsistências são irrelevantes. Não só não comprometem o todo, ainda ajudam a história a atingir seu objetivo). O protagonista é um diretor de teatro que montou uma peça sobre, justamente, Motta Coqueiro, e fracassou escandalosamente. Uma das primeiras frases que ouvimos é o trecho de uma crítica: “o texto não tem conflito. O diretor não conseguiu atrair a atenção do público”. E essa parece ser a preocupação que guiou a construção do enredo. Desde o início, está avisado que o objetivo da narrativa é chamar a atenção para outra história. É claro que o público desavisado não percebe na hora. Mas, refletindo depois, a estratégia transparece.

É por isso que um certo número de coisas difíceis de engolir são perfeitamente releváveis. Numa obra de arte (e não vale a pena discutir aqui se cinema é arte ou não), devemos ter em mente que o que conta é o todo. O detalhe só é importante na medida em que contribua para o todo ou o comprometa. Por exemplo, as atuações bastante questionáveis das duas principais atrizes quase comprometem, mas o filme consegue sobreviver, empurrado por sua construção sagaz e interessante. O próprio Eduardo Moscovis, aliás, não é nenhum Lawrence Olivier, mas nada que estrague a sessão.

O mesmo vale para a menção, tirada um pouco da cartola, a um relacionamento passado entre o diretor e sua analista. Não serve para nada, só torna a história menos crível, mas e daí? Não é importante, então passa. Um pouco mais incômodas são algumas panorâmicas de Macaé (onde se passa o enredo) inseridas de maneira manifestamente aleatória. Paisagens muito bonitas, sem dúvida, mas o que estão fazendo ali, espremidas entre uma cena tensa e outra nervosa? Ah, entendi: a prefeitura da cidade é um dos principais investidores…

Em alguns momentos, o filme tem uma proposta estética arrojada, dosada com habilidade pela diretora. Um pouco mais de câmera tremida, cortes bruscos, sons insuportáveis e flashbacks enjoariam. Assim como está, atiça a atenção do público e confere ao filme um certo tempero. Outro ponto que merece ser mencionado é o capricho da produção, coisa rara em filmes brasileiros.

Opa, parece que acabei fazendo alguns comentários estéticos… Difícil evitar, peço perdão. Então vou cortar por aqui o comentário, só encerrando com a constatação de que Sem Controle não é nenhuma obra-prima, longe disso, mas é um filme que vale a pena ser conferido. Mesmo porque a história de Motta Coqueiro deveria ter uma repercussão maior. Diz muito sobre nosso país. Não só em relação à pena de morte, por onde é mais conhecida, mas também quanto à maneira como encaramos questões de trabalho e propriedade.

Mas isso também é tema para outro texto! Então dou este por encerrado. À minha espera, há um relvado verdejante (ou seja, um gramado bem cuidado na linguagem dos tempos de Motta Coqueiro). Como não sei por quanto tempo vou poder aproveitar esse clima, vou lá fora sugar dele o máximo que puder.

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