Este fim-de-semana foi pródigo em leituras excelentes na blogosfera. Minha avó dizia que diante da voz da sabedoria, o esperto escuta e o tolo responde. Subscrevo, acrescentando que na era dos links, além de escutar, podemos passar adiante. Pois! Seguem aí os melhores posts que li nesses dias.
(O fato de ter comentado em alguns deles faz de mim um tolo, na acepção da minha avó?)
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Cesar Kiraly, em seu Modos de Fazer Mundos, às vezes posta filosofia, às vezes poesia. Mas tem dias em que ele resolve fazer as duas coisas de uma vez só. Aí não tem quem segure. Uma imagem pontiaguda da visibilidade das revoluções e a singularidade deste nosso zoon politikon.
Se Godard, como diz o texto, cria sentidos sobre as imagens do cinema, sobre um cinema criador de imagens, Rodrigo Cássio se cria em cima de Godard.
A revolução no mundo árabe é um evento profundamente singular. Sem isso, não seria revolução. Eu gostaria de desenvolver um pouco essa ideia, mas isso se tornou desnecessário: quem viu de dentro essa sigularidade, como Mohamed Bamyeh, já deixou isso suficientemente claro.
Hugo Albuquerque explicita que, se viver em São Paulo é infernal, não o é à toa.
Esta carta aberta de Ana Maria Gonçalves a Ziraldo já fez bastante barulho internet afora. Merece um pouco mais. Esses (muitos) parágrafos me deixaram com vergonha do texto que escrevi para o Amálgama sobre O Presidente Negro, achando que estava fazendo uma crítica ao Monteiro Lobato. Há! Pobre de mim.
Este texto é mais velhinho, mas aproveito o ensejo. Carlos Magalhães abre a cortina do nosso cenário escravocrata, em plena urbanidade pós-moderna e assim por diante.
Este aqui, de Fabiano Camilo, é mais velho ainda. Que importe? Tem de ser lido. Sobre a visibilidade do homossexual na televisão brasileira e, por extensão, no Brasil.
E paro por aqui,
Meu caro, será que só eu enxergo arrogância e “cagação de regras” nos textos de Ana Maria Gonçalves? Tenho uma dificuldade muito, muito grande em ler seus textos – e olha que eu sou esforçado. É o tipo de texto redigido inteiramente de cima para baixo: “vocês leiam, que agora aqui estão tábuas da lei”. E, convenhamos, para um conteúdo que se baseia total e exclusivamente no histrionismo e na beligerância, não passa de chatice até mesmo para aqueles simpáticos à causa defendida.
Em suma, sejamos militantes contra o racismo, mas nunca, jamais desse jeito. Nem que seja apenas por uma questão de elegância.
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Ora Vinícius, não seja tão fominha… Há muita gente assertiva pelo mundo, assertiva demais até. Live and let live, que em filigrana tudo é aproveitável.
Em todo caso, dizer que se baseia total e exclusivamente no histrionismo e na beligerância é um exagero de proporções munchausianas. Estão lá as referências e os links, que não são poucos….
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Hahahahaha! Gostei do “fominha”. Você tem razão, eu também sou um bocado assertivo em meus textos, e o comentário acima não foge à regra.
Mas o caso de Ana Maria Gonçalves, creio, está além da assertividade, passa um pouco da arrogância e se torna a famigerada “cagação de regras” (gosto desse termo chulo, se não se importa). E as referências e links podem até estar lá, mas são brandidos como espadas, daí a “beligerância”*. O histrionismo se verifica nas estruturas frasais: é muito frequente a forma “então é assim? – pois tome isso, seu banana – isso não passa de racismo, seu banana – ora, leia aqui, seu banana, seu racista”. Se você ler pensando no formato vai ver que quase todas as frases se encaixam aí.
(*)Não me importo com a beligerância. Mas os argumentos-espada (se essa expressão não é engraçada, não sei o que é, mas sigamos) dela não são aquelas espadas samurai de Kill Bill, precisas e violentas, de corte limpo. Lembram mais o aprendiz que, não sabendo usar a espada, dá porretadas na cabeça dos oponentes com a parte chata da lâmina (sim, eu me diverti fazendo essa analogia metafórica). Acho que agrada aos que gostam do grotesco de alguém atacar outro alguém virulentamente tendo razão – o que no caso do Ziraldo é fácil.
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Isso me faz lembrar o velho “nos grandes dou de talho, nos pequenos dou de prancha”… (a prancha é a parte chata.) Vai ver é isso, AMG tem vocação para Capitão Rodrigo, hahaha.
Viu, também sei fazer analogias engraçadinhas!
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Diego,
obrigado pela indicação do meu post, sobretudo na companhia de textos tão bons!
Um abraço, caríssimo!
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Ei, Diego, que menção tão honrosa ao meu texto. Obrigado, camarada.
Grande abraço!
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