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Como é fácil executar tarefas…

(Coloquei este vídeo porque não sabia como encabeçar este texto e porque achei incrível o quanto ele confronta o antigo e o novo. Sarkozy ainda está na era Bush e não entendeu nada sobre o futuro. Obama dá-lhe uma chinelada. Mais comparações entre os dois, pensando bem, são cabíveis e valem mesmo um texto só para si…)

Meu lado futurólogo começou a formigar, alguns dias atrás, quando vi duas notícias desconexas, em veículos que pouco ou nada têm a ver um com o outro, mas que, colocadas lado a lado, dão um diagnóstico claríssimo do impasse que rege este nosso instante curtinho da história. Acontece que tentei ser prudente. Tentei abafar meu instinto visionário. Fechei as janelas do navegador com as notícias tão logo as vi, segurando como pude a vontade de lançar minha aposta sobre o seguimento do século XXI. Com isso, agora que desisti, não encontro mais nenhuma das matérias, e só sei que uma era da BBC e a outra de uma revista eletrônica americana: Slate, Salon, algo assim (ou o CSM? Sei lá). Se as referências que darei ajudarem alguém a lembrar onde estão essas minhas fontes, peço que me avise, para que eu possa colocar aqui um raiperlinque. Senão, que baste a descrição do conteúdo.

A primeira matéria comentava a facilidade que os estudantes têm de encontrar respostas para o que procuram, contanto que tenham a enorme habilidade de digitar um punhado de palavras no Google ou, bem raramente, em algum outro buscador. Com isso, lamentava-se o jornalista, nenhum aluno precisa mais se esforçar para fazer um trabalho na escola. Basta-lhe procurar na internet a resposta para o que quer o mestre, imprimir e entregar. Não é caso de plágio; mas, por exemplo, se um professor de Física pede aos alunos para descobrir o que dizem as leis de Newton, no dia seguinte a turma inteira volta com as mesmas frases tiradas da Wikipédia.

O outro texto era ainda mais sombrio. Reclamava que o nível cultural da juventude britânica está desesperadoramente baixo. Explicação dada pelos pedagogos que o jornalista consultou: as escolas do país (e do mundo inteiro, porque certamente o Reino Unido é um dos últimos bastiões do ensino generalista) concentram-se demais no ensino da matemática e da gramática, deixando de lado as noções de história, geografia, artes e literatura, que, como sabemos, são as que fornecem ao indivíduo o potencial de reajustar sua própria forma de pensar à medida em que as circunstâncias assim lho exigirem. À parte os dramas educacionais do Brasil, muito semelhantes, guardada a proporção de escala, não é difícil perceber que a necessidade de oferecer uma educação de massa com orçamentos cada vez mais apertados, tudo isso no fito único de formar mão-de-obra, está produzindo uma gigantesca juventude de semi-autômatos de pensamento estreito e lerdo. Basta conversar com alguém de menos de 21 anos para perceber.

Pois bem, ambos os textos exprimem uma crise na educação (aliás, boa hora para reler Hannah Arendt). Um é americano, o outro inglês. Discutem problemas tópicos. Mas ouso dizer que se completam, porque descrevem duas fontes de um mesmo ruído no sistema. Por sistema, quero dizer o campo em que se deslindam as vidas, com seus projetos estruturais, suas convicções morais, políticas e econômicas, suas práticas quotidianas, enfim, a grande engrenagem que mantém o todo em funcionamento. É nisso que há uma grande rachadura. É preciso, pois, identificá-la e fazer face a ela.

Em outras palavras, o impasse que os textos sugerem, um pouco sem querer, vai muito além da educação. A forma como ensinamos e treinamos nossas crianças reflete o que esperamos delas quando se tornarem adultas. Reflete também, portanto, e serve de indicador para o que queremos dos nossos adultos de hoje, como eles devem ser e, de fato, como fazemos com que se tornem, à força de formações, processos de contratação, matérias na imprensa, conversas de bar… Resumindo, tudo no nosso dia-a-dia. É uma estrutura que se forma por conta própria, aos poucos e nunca exaustivamente, de acordo com os problemas de cada época e as necessidades que esses problemas impõem; o caso, porém, é que esses problemas e necessidades se deslocam mais rápido do que nossa capacidade de nos adaptarmos a eles. Eis a origem dos impasses.

Mas como é, afinal, que formamos nossos adultos? Essa informação crucial é que pode ser entrevista nos dois textos que citei acima. Que os estudantes encontrem respostas para as perguntas em pesquisas rápidas na internet demonstra apenas um truísmo: que os professores lhes fazem perguntas cujas soluções podem ser achadas prontas em algum canto. Paralelamente, a concentração exagerada do ensino nos rudimentos matemáticos e gramáticos só corrobora essa visão: o estudante precisa aprender a resolver problemas específicos e concretos, de cálculo puro, que aparecerão à sua frente na vida adulta, em casa e no trabalho, e precisa aprender a expressar corretamente a resposta a perguntas pontuais que lhe serão feitas em reuniões, tribunais, entrevistas de emprego e toda sorte de pequena situação.

Espera-se do adulto de hoje, portanto (e treinam-se os jovens para cumprir essa expectativa), que seja capaz de executar tarefas. Como resquício da sociedade “estritamente” industrial do século passado, formou-se uma estrutura de massa no ensino e no mercado de trabalho, de tal maneira que o profissional, mesmo em campos de atividade, em tese, profundamente intelectuais, como a edição, o jornalismo, as finanças (sim, há algo nelas de muito intelectual, além da técnica pura e simples que se adotou) e a gestão pública, pouco mais é além de um executor de tarefas, um Chaplin de Tempos Modernos mesmo quando se considera um grande administrador e líder.

Pode parecer muito estranha uma afirmação tão categórica quando, nos prospectos de recrutamento de trainees de qualquer grande corporação, consta que são procuradas pessoas que tragam novas idéias, pensem diferente, tenham espírito de equipe e assim por diante. Acontece que essas palavras são desprovidas de qualquer significado concreto, quando vêm de grandes e caros manuais (adoro a expressão anglófona, textbook) de administração, que ensinam, como se fosse uma equação ou uma dedução silogística, que são esses os valores fundamentais dentro de uma empresa saudável. Cabe sublinhar que isso não é uma inverdade… é só uma verdade bem abstrata.

Ora, poderíamos e deveríamos perguntar de onde viriam essas novas idéias e esse pensamento diferente se o paradigma da formação nas escolas e nas universidades (sobretudo nas de administração) é uma transmissão massiva e cada vez mais concentrada de instruções para a execução de tarefas especializadas? De onde brotaria a inclinação interior dos indivíduos a reestruturar suas próprias formas de pensar ou, pior ainda, (hélas!) a cultura de uma empresa inteira, se o raciocínio analítico e a potência crítica do pensar estão excluídos da preparação da força de trabalho, repito, mesmo a mais elitizada? E ainda, qual é o recrutador que, formado numa escola de psicologia que mais parece de gestão, será capaz de identificar uma pessoa com essas habilidades no meio da massa, se o próprio do pensamento diferente e da idéia inovadora é justamente de escapar a todos os parâmetros que o manual teve tanto cuidado em elencar? Ao contrário do que pode crer a mitologia de nosso tempo, as capacidades de análise, síntese, julgamento e crítica não são inatas. Muito pelo contrário: de seu natural, o ser humano tem um raciocínio bastante simplório.

Há muito, essa constituição do mundo já não é adequada às exigências que a própria tecnologia criou. Daí o sucesso, por exemplo, de cursos livres das chamadas humanidades, cujo caso de sucesso financeiro mais evidente no Brasil é provavelmente a Casa do Saber. (Mas há outros, muitos outros, entre sérios e charlatães.) Existe uma sensação de que a cultura do industrialismo replicado em todas as áreas está fazendo água. Mesmo o sujeito que se considera “altamente qualificado” não consegue mais dar conta de tanta instabilidade nas variáveis. Talvez até, se for um pouco mais sagaz, já perceba que nunca passou de um executor de tarefas.

Que a formação e as expectativas terão de mudar para fazer frente a um mundo pós-industrial que há muito já se instalou sem que o percebêssemos, isso me parece evidente. É claro que a pergunta passa a ser “como” ou, se preferir, “para onde”. Retorno, então, aos dois artigos citados. Como deve reagir o professor, perguntava-se o repórter, diante de alunos que encontram com facilidade as respostas na internet? Ora, a internet é um dos muitos exemplos de como o ser humano, pouco a pouco, vai transferindo parte das responsabilidades de seu cérebro para suportes exteriores a ele.

E isso não é nenhuma novidade: 350 anos antes de Cristo, Platão já ralhava contra a palavra escrita, acusando-a de substituir a memória das pessoas, que, em vez de conhecer seus argumentos e fomentar suas idéias, liam-nas em pergaminhos e se consideravam sábias. (Veja-se como o mundo mudou pouco). Dizia mais o velho filósofo de Atenas: a palavra escrita é estável, não se adapta à variação dos tempos, sua linguagem não se adapta aos diferentes interlocutores, com suas diferentes preconcepções e seu muito variegado nível intelectual. Pior ainda, a palavra escrita é incapaz de defender-se por conta própria quando alguém a critica ou deturpa. Os discursos, dizia ele, esculhambando com a logografia dos sofistas, devem ser escritos na alma, não no pergaminho.

Nem preciso dizer o quanto o mundo mudou desde então e o quanto o texto escrito se tornou fundamental para o desenvolvimento da civilização. O próprio Platão escreveu mais de 60 diálogos e sabe-se lá quantas cartas, mas nem por isso deveríamos dizer que ele estava enganado em suas críticas. Há diferentes maneiras de abordar o texto escrito, algumas melhores do que outras, e a humanidade, ou uma parte dela, aprendeu ao longo desses vinte e tantos séculos a comentar, criticar, responder, interpretar, decompor textos, até que a escrita se tornou uma ferramenta tão importante no conhecimento quanto a memória e o diálogo.

Já passamos por Gutemberg, Hearst, Marconi, Chacrinha, Bill Gates e Google. Cada uma dessas evoluções impôs mudanças na forma de pensar e ensinar. A internet, no caso, torna obsoleta a tarefa de buscar dados na memória ou em compêndios de papel: eles estão facilmente acessíveis a quem souber fazer uma pesquisa no Google com um mínimo de sapiência. (Isso é menos comum do que parece, como pode inferir quem usa programas de estatísticas ou lê o Rafael Galvão.) Cada vez mais, as tarefas que dependiam de executores muito bem treinados podem ser realizadas por programas que, não raro, se encontram online para baixar, e de graça. As primeiras vítimas, décadas atrás, foram as datilógrafas, mas elas certamente não estão sozinhas. Que sirvam de atestado os salários baixos e o desemprego alto.

Não há, portanto, muito mais saída, senão o óbvio: que se deixe aos computadores o dever de executar tarefas como “achar respostas”. Professor, seu problema passa a ser outro: proponha atividades a seus alunos que computadores simplesmente não possam fazer. Coisas como encontrar o que está por trás de um determinado argumento; deduzir conclusões de princípios que maus ou mal-intencionados autores deixaram escondidas; supor o que pode dar errado em tal e tal proposta; compreender por que um problema qualquer da física pode ser resolvido com um cálculo e não com um outro. E assim por diante. De tal maneira que o computador volte a ser a ferramenta indispensável como foi criado, em vez de muleta para a preguiça estudantil.

É claro que isso exigiria uma mudança radical nos princípios que tanto preocupam o jornalista da BBC: cálculos matemáticos e regras gramaticais não bastam mais. Desde pequena, a criança precisa ser ensinada a enxergar as proporções e entidades abstratas em que está fundada a aritmética: somar e subtrair, hoje, são muito pouco para alguém que tem uma calculadora no relógio de pulso. O mesmo vale para a língua. A questão não é o milagre de acertar todos os plurais, mas de conseguir transitar livremente entre conceitos, palavras e coisas. Isso é que é fundamental para que alguém se faça compreender, tanto por escrito quanto oralmente. E garanto que alguém que entende essa ligação fundamental – conceitos, palavras, coisas – bem raramente erra preposições, tempos verbais, pontuação. Tudo isso se torna natural e irrelevante.

Estou ciente de que seria muito custoso massificar um ensino como esse que proponho. Mas não vejo muita alternativa. Investir em alguns poucos centros de excelência me parece uma alternativa péssima, que nos atiraria de volta à aristocracia intelectual dos Eton College, Ivy League e Grandes Écoles da vida, opondo-se (verticalmente) a todo o resto da plebe ignara, que, não demoram os eleitos para diagnosticar, “só serve para atrapalhar”. Porém, mesmo sendo uma opção terrível, é o mais provável de acontecer. Uma estrutura de ensino e formação que produza centenas de milhões de pessoas capazes de raciocínio crítico soa utópico: é caro, muito caro, e dirão os maiores interessados que teria um custo proibitivo. Mas o fator preponderante é provavelmente que gente desse tipo é dura de convencer, cooptar e, claro, controlar. Esse, sim, é um custo muito elevado.

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14 comentários sobre “Como é fácil executar tarefas…

  1. Bom, muito bom e instigante. A educação parece estar em um beco sem saída. Mas qdo fiz aquele comentário no seu texto anterior acho que pensei em um aspecto mais “espiritual” da questão toda! Não tenho tanta “articulação” quanto vc, mas vou tentar fazer um post com o meu ponto de vista sobre o “futuro” da humanidade e te aviso.

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  2. Sabe qual é o maior problema? Além da falta de cultura – ou educação, num sentido mais amplo – as pessoas não têm sido capazes SEQUER de executar tarefas!
    Não sei para onde estamos indo…

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    • osrevni disse:

      É porque as tarefas não são mais tão banais como eram… por isso que eu considero que a lógica dessa formação meio industrialista é um anacronismo um tanto quanto suicida.

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  3. meu caro amigo de profundo intelecto, apenas uma observação bastante correta, se temos você outros iguais estão por lá e ali, bom, e cursei o ginasial em três paises, Romênia, Inglaterra e Brasil e possuo uma visão bem clara quanto aos benefícios do ensino de pré guerra( da segunda), o modelo de ensino na Romênia era igual ao usada na França, todas as matérias, todas mesmo, incluindo linguas vivas e mortas, as exigências dos professores muito energicos e capazes eram “de matar”, bobeou levou pau, na escrita e no oral, nada de segunda época, menos de 5 repetência, no Brasil encontrei em 1941 o mesmo sistema, com excessão da segunda época, bons mestres exigentes, e inspetores sem aviso prévio apareciam nas salas de aula para avaliar o rendimento, e acrescento até com saudade de umateria chamada de ARITMÉTICA, raciocinio puro, nenhum mecanismo para obter o resultado ( a algebra matou essa beleza), na Inglaterra o ensino era mais manso, mas exigia aprendizado da “cultura”, literatura com L maiusculo, ali Shakespeare era biblia, poetas como Byron, Shelley, Keats e Cia a seguir atrás do bardo, e Swift e seus semelhantes a perseguir os cotados dos alunos e o latim, meu deus, o latim verdadeira tortura, nada de consultar dicionário e que terror as declinações, e posso me vangloriar que aos 16 anos fui admitido a cursar as universidades de Oxford depois de exame prestado, e em todos esses paíse as provas eram dissertadas, ai de quem não soubesse usar a lingua corretamente, enfim se hoje me acho culto agradeço àquela rigidez pela qual passei, e no Brasil me diplomei engenheiro, dependência de uma materia se falhou, repetia o ano direto, hoje o cara chega ao final do curso com dependência de matéria do primeiro ano, um absurdo, e se formado pra se sentir mesmo diplomado e seguro pra arrumar emprego terá que ter no minímo pós graduação, “no meu tempo” não precisava, a gente ou acabava o curso bem ou então dançava, quando ingressei na faculdade eramos 60 e apenas 25 se formaram e agradeço a essa rigidez por sempre ter sido louvado como excelente profissional, como todos da minha geração foram, criamos uma geração nunca mais vista desde 1980, não vou me alongar, mas acho que me fiz entender, tenho filhos mestres e doutores, ainda pegaram a rabeira e só pra rigoler, minha filha mestre entrevistada por psicologa quase criança no soldo do BNDES por esta fora considerada inapta para que um ano mais tarde ela fosse se nomeada diretora dessa entidade, hahaha!
    abraço

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    • osrevni disse:

      É um pouco o que eu chamo de paradigma “Cartola”, mas que bem poderia ser “Noel Rosa”, “Ismael Silva” ou quem você quiser. Pessoas de origem muito, mas muito humilde, mas que eram capazes de escrever música e poesia lindamente, apesar de todos os erros de português que você queira apontar e que não têm a menor importância. Simplesmente porque eles passaram pela escola pública brasileira que houve certo dia, e que era boa, muito boa, disputada a tapa pela elite. Nada dessa indústria de vestibulandos que mesmo as escolas mais conceituadas de hoje despejam no Brasil…
      De qualquer forma, não estou querendo argumentar que a solução é retornar aos modelos antigos de ensino. Trata-se de uma preparação para o futuro, não uma fuga do presente.
      Grande abraço, poeta!

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  4. amigo, teci um extenso comentário, mas infelizmente ao fazer o SUBMIT ele sumiu no espaço, o refazer me falta o entusiasmo.
    O ensino está mudado pro pior, sem duvida nenhuma,produzem gerações de incultos e pior ainda esse aprendizes sub-mentais nem a Internet sabem usar comme il faut, ramificações e links ainda ajudariam se a preguiça e o comodismo não imperassem.
    Entanto te digo com sinceridade, o desastre acultural não acontecerá enquanto existirem mentes iguais a sua espalhadas pelo planeta
    abraço

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    • osrevni disse:

      Acredito justamente nisso: não adianta colocar as ferramentas da internet na mão das pessoas se elas são incpazes de tirar alguma coisa útil daí…

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  5. josaphat disse:

    Não sei de outros países, mas pelas bandas de cá, em Pindorama, decidiu-se educar uma imensa população que jamais teve acesso à educação formal. E para tanto, decidiu-se, também, que essas pessoas não teriam competência para um ensino de muitas exigências, não dariam conta. Então, socializou-se por baixo. Aí, todo mundo passa, porque se não passam ocupam o espaço do outro que já vem. E então, meu amigo, tem aquele negócio da despesa, sabe.
    É claro que a coisa toda começou um pouco antes.
    Mas eu não consigo mais refletir sobre a educação. Aliás, ando sem conseguir refletir mais nada. Igualzinho meus alunos. Hehehe.
    Talvez aja algo de bom por trás de tudo isso. Uma desconstrução espontânea do cartesianismo.
    Quem vai saber…

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    • osrevni disse:

      Países que partem de uma posição atrasada, como o Brasil, têm particularidades que precisam ser levadas em conta, mas não a ponto de obliterar por inteiro o que é, no fundo, uma acomodação mal disfarçada. Universalizar o ensino é fundamental, mas isso exige um esforço massivo que muitos países executaram brilhantemente, sem recorrer a falsas estratégias como aprovação automática e outros meios de tapar o sol com a peneira…
      Eu conheço bem essa sensação de não conseguir refletir. Não temos tempo, nem nossa cabeça tem mais espaço, para reflexões. É informação demais… Não dá vontade de enfiar a cabeça numa banheira gelada?

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  6. Sua análise é brilhante. Eu sou professor de uma institutuição de elite americana e percebo mesmo nela esse mesmo movimento geral em direção ao que eu chamo simplesmente, talvez tacanhamente de “imbecilidade”. Para mim essa crise tem a ver com a expansão do que a gente poderia chamar de cultura corporativa a todas as esferas de atividade humana, e a educação e o conhecimento não estão imunes de forma alguma. Um exemplo: Einstein, se repetisse a sua trajetória profissional, não teria a menor chance de conseguir um emprego estável no mundo acadêmico de hoje – um par de papers sobre uma teoria qualquer não serviriam de “parâmetro para avaliar a performance” acadêmica dele.
    Essa cultura corporativa prima pelo pragmatismo mais rasteiro e imediatista possível que reduz qualquer esfera humana a um simples par de fórmulas fáceis. Os resultados são trágicos: os EUA gastam mais $ que qualquer outro país do mundo e têm 38o melhor serviço de saúde [nomeie uns 30 países e vc vai ver que muitos países que gastam um décimo do que gasta os EUA e tem problemas estruturais muito maiores têm atendimento médico superior].

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    • osrevni disse:

      Vi um artigo sobre a questão médica americana no NYT outro dia. É realmente um escândalo, e agora estão sendo expostos os podres daquilo que por muito tempo pareceu um sistema de eficiência perfeita.

      Agora, se mesmo em Yale a imbecilidade impera, imagine como não andam as coisas nos cantos menos nobres da razão humana…

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